Segundo levantamento da consultoria britânica Maplecroft, metade dos países é de integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Nessas regiões, cada gota pode emergir como uma nova fonte de instabilidade
Onde cada gota vale ouro
Embora repleto de rios, mares e oceanos, o
planeta Terra tem apenas 3% de água doce disponível para o consumo de cerca de
7 bilhões de pessoas. Abundante em alguns países, escasso em outros, esse
recurso natural essencial para a sobrevivência humana distribui-se de forma
desigual pelo globo.
Segundo
levantamento da consultoria britânica Maplecroft, os países do Oriente Médio -
palco de um sem número de conflitos econômicos e políticos - são os mais
vulneráveis à falta de água. Nessas regiões, cada gota pode emergir como uma
nova fonte de instabilidade. Em alguns dos maiores produtores de petróleo do
mundo, como Iraque e Arábia Saudita, a escassez de água vem se tornando crítica
há gerações.
O
problema também integra o conflito na Faixa de Gaza entre Israel e os
palestinos do grupo Hamas. Outros países vulneráreis já sentem os efeitos do
aquecimento global, à exemplo da Mauritânia, no Saara (foto). Não há mais
chuvas e os termômetros registram altas recordes de temperatura, que afetam a
produção de alimentos e deixam sedenta a população. A seguir, você confere a
lista dos 10 países em risco extremo de "secar" nos próximos anos.
1 - Mauritânia
Situada
no noroeste da África, na região do deserto do Saara, a Mauritânia é o país
mais vulnerável do mundo à crise de água. Pelo menos 90% de todo o estado é
dependente do abastecimento de água externo. Com apenas um rio em seu
território para provisão durante todo o ano, o país é quase inteiramente seco.
O rio que o atravessa, o Senegal, faz ainda fronteira com outros quatro países
e tem suas margens constantemente invadidas por tribos africanas.
O
crescimento populacional, estimado em 3% ao ano, aumenta mais ainda a demanda
por água, bem como os riscos de poluição deste recurso natural. Em 2005, estima-se
que o governo da Mauritânia gastou cerca de 15 milhões de dólares para o
tratamento de doenças de transmissão hídrica. A desertificação acelerada
combinada à redução das chuvas e a falta de uma rede de distribuição de água
agravam o quadro de escassez de água no país, classificado pela Maplecroft como
de "risco extremo".
2 - Kuwait
O
pequeno país do Oriente Médio e rei do petróleo corre "risco extremo"
de desabastecimento de água, segundo o relatório da Maplecroft. Rodeado pelo
deserto, o Kuwait é considerado o país mais seco do mundo e o único onde não
existe água doce. Não há, ao longo de seus 18 mil km² de território, nenhuma
reserva, rios ou lagos, nem mesmo aquíferos subterrâneos de água doce.
Aproximadamente
75% de toda a água potável consumida no país precisa ser dessalinizada ou
importada. Essa é uma questão estratégica devido às altas temperatura da
região, à falta de chuva e à deteriorização do solo para cultivo. A escassez de
água doce é, inclusive, o principal entrave para o desenvolvimento da
agricultura no país.
3 - Jordânia
A
insuficiência de recursos hídricos neste país desértico e de temperaturas
elevadas no Oriente Médio é crítica. Em algumas regiões, o abastecimento de
água acontece apenas uma vez por semana. Os reservatórios existentes são
explorados de maneira tão intensa a ponto de ameaçar o fornecimento no longo
prazo para os cerca de 6 milhões de habitantes e os setores de agricultura,
industria.
A
geografia de planalto e bastante acidentada do país dificulta o abastecimento.
Um
dos principais problemas alí é o bombeamento da água do Vale do Jordão,
localizado abaixo do nível do mar até às cidades, a mais de mil metros de
altitude. Boa parte do sistema está obsoleto, o que prejudica o desempenho e
força o consumo de energia do país. O uso das água do Jordão também é
dificultado pelo fato de se tratar de uma fonte fronteiriça e motivo de atrito
entre Israel e Jordânia. O rio fornece entre 25% e 30% da água de Israel e 75%
da água da Jordânia.
4 - Egito
Verões
rigorosos, demanda crescente e aumento constante das tarifas tornam a situação
do abastecimento de água no Egito bastante complicada. Faltam sistemas de
saneamento em larga escala e menos de 15% da população conta com esgoto
tratado.
Durante o verão de 2008, muitos pessoas chegaram a beber água diretamente do próprio Nilo, o que causou uma série de infecções.
Em
muitos casos, nas áreas rurais onde não há canalização, os dejetos ficam a céu
aberto, contaminando o solo e consequentemente os escassos lençóis freáticos. O
acesso ao Rio Nilo, sem o qual o Egito seria um mero deserto, também está cada
vez mais disputado por outros países, como Uganda, Etiópia, Ruanda e Tanzânia.
A totalidade da população egípcia, estimada em 80 milhões de habitantes, retira
do Nilo 90% de seus recursos hídricos.
5 - Israel
Em
Israel, como em todo o Oriente Médio, água é assunto político. O estado ocupa o
vale do Rio Jordão há mais de quatro décadas e não concede acesso à suas
margens pelos palestinos, detendo o fornecimento. Estima-se que o estado judeu
destina 80% da água do rio para suprir o próprio consumo e 20% para os
palestinos.
Durante
o verão de 2008, Israel enfrentou sua pior crise de abastecimento de água. Para
contornar a situação, o país teve que cavar poços artesianos que estavam
reservados para serem usados apenas dois anos depois. O fornecimento de água na
região é feito pelo processo de dessalinização, que recebe, anualmente,
investimentos vultosos
6 - Nigéria
A crise de abastecimento na Nigéria não se dá
pela falta de água, já que o país possui reservas, lagos e rios em abundância,
mas pela falta de sistemas adequados de tratamento e purificação. Apenas 9% dos
nigerianos têm acesso à esgoto tratado e saneamento. Tanto que doenças ligadas
à água estão entre as principais causas de morte no país.
Quarto
país na lista de "riscos extremos", a Nigéria é 90% dependente do
abastecimento de água externa e passa por uma crise humanitária causada, em
grande medida, pela seca que atingiu o país no ano passado, e também pelos
prejuízos nas colheitas.
7 - Iraque
O
acesso à água no Iraque, um dos piores do mundo, soma-se a outros problemas que
assolam a população local, como a violência sectária e os conflitos políticos.
Anos de guerra afetaram profundamente a fragilizada infraestrutura hídrica do
país, o que tem desencadeado tensões armadas e deslocamentos populacionais,
aumentando ainda mais a pressão sobre este recurso natural.
A
poluição é outra ameaça ao abastecimento de água potável que deixa milhões de
iraquianos em perigo. Além disso, os rios Tigre e Eufrates estão lentamente
diminuindo e, em algumas localidades, já não conseguem fornecer água em
quantidade suficiente.
8 - Omã
São
Paulo - A incerteza paira sobre os recursos hídricos deste pequeno país árabe.
Secas constantes e um número limitado de chuvas ajudam a aumentar as pressões
sobre o fornecimento de água para uso agrícola e também doméstico.
O
solo de Omã está cada vez mais salinizado pela exploração desenfreada e mal
coordenada das reservas subterrâneas de água doce, o que muitas vezes permite a
invasão de água salgada no lençol freático das planícies costeiras.
9 - Emirados Árabes
A escassez de água é uma das questões que mais tem determinado as
opções tecnológicas dos Emirados Árabes, confederação no Golfo Pérsico formada
por Abu Dhabi, Dubai, Sharjah, Ajman, Umm al-Quwain, Ras al-Khaimah e Fujairah.
O clima do país é árido, com temperaturas muito elevadas no verão.
Para
driblar este cenário nada favorável, os Emirados têm investido em unidades de
dessalinização da água do mar. Só Dubai deverá investir cerca de 20 milhões de
dólares neste sistema nos próximos sete anos. Até 2025, etima-se que será
necessário investir 200 milhões de dólares em programas de infraestrutura e de
tratamento de esgoto.
10 - Síria
O acesso à água potável é um desafio diário para a população da Síria.
Em muitas regiões do norte do país, a água da chuva é coletada e carregada por
burros até as cidadezinhas que sofrem com a escassez do recurso.
A
maior parte da água é usada na agricultura, que exige um sistema de intenso de
irrigação, enquanto apenas 9% da água destina-se ao suprimento das demandas
domésticas.
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