O equivalente a quase um Ibirapuera inteiro sumiu entre 1.º de janeiro e 30 de abril
Uma das metrópoles menos verdes do mundo, São Paulo
perdeu nos primeiros quatro meses do ano 12.187 árvores. É como se quase um
Ibirapuera inteiro tivesse sumido entre 1.º de janeiro e 30 de abril - o parque
tem 15 mil árvores - para dar lugar a prédios, conjuntos habitacionais e obras
de infraestrutura. Os números fazem parte de um levantamento da Comissão do
Verde e Meio Ambiente da Câmara Municipal, obtido com exclusividade pelo jornal
O Estado de S. Paulo.
Todos os cortes - que incluem também pedidos
particulares e a retirada de 621 árvores mortas (5,1% do total) - foram
autorizados pela Prefeitura. O governo sempre exige um replantio de mudas maior
do que o número de cortes autorizados. Mas a eficácia dessa compensação
ambiental é duvidosa e muitas vezes executada sem sucesso ou qualquer tipo de
fiscalização.
No caso das licenças emitidas neste ano, muitas
obras nem começaram. Mas, ao checar como tem sido feita a compensação de parte
das 7.044 árvores cortadas com autorização do governo no primeiro trimestre do
ano passado, a reportagem constatou que o replantio não ocorreu ou tem falhas
graves. Em relação ao total do ano de 2010, a Prefeitura divulgou apenas um
número parcial (o de novas construções), que aponta 10.693 árvores cortadas.
Pelas autorizações de 2010, é possível observar,
por exemplo, como alguns dos últimos fragmentos de mata na região do Morumbi,
na zona sul, estão desaparecendo para dar lugar a torres com mais de 20
andares. A impermeabilização avança sobre terrenos localizados entre o Panamby
e a Vila Andrade, em um imenso matagal que ainda separava os condomínios de
classe média alta das favelas do Campo Limpo. Sem a mata, que agregava espécies
nativas da Mata Atlântica, como araucárias e aroeiras, essa divisão na zona sul
praticamente sumiu - e o ar agradável da região também parece estar com os dias
contados
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