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By Ferramentas Blog

quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Bin Laden da ecologia


Depois da morte do chefe da Al Qaeda, a lista dos dez terroristas mais procurados pelo FBI tem nove islâmicos e um americano que ameaça cientistas que usam animais como cobaias

 A morte do terrorista Osama bin Laden fez com que os americanos se sentissem mais seguros. E por boas razões. Sem seu líder, a Al Qaeda parece menor e menos assustadora. Para muitos cientistas dos Estados Unidos, porém, a eliminação do mentor dos atentados de 11 de setembro não faz muita diferença em relação a eles próprios. Em artigo publicado no Wall Street Journal, o neurocientista Michael Conn, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, e o escritor James Parker observaram que, da lista dos dez terroristas mais procurados pelo FBI, um é o americano Daniel Andreas San Diego. 

A pretexto de defender os animais e a natureza, ele comete atrocidades. Não se confundam as atividades de Daniel Andreas San Diego com as dos grupos que organizam manifestações coloridas em prol da ecologia, como o Peta ou o Greenpeace. San Diego é o autor de atentados a bomba na sede da multinacional farmacêutica Chiron e na sede da fabricante de suplementos nutricionais Shaklee, ambas na Califórnia. O motivo: as duas companhias usavam os serviços da firma inglesa Huntingdon Life Sciences, que utiliza animais na pesquisa de produtos farmacêuticos, agrícolas, químicos e alimentícios. San Diego está foragido desde 2003, e o FBI o procura em catorze países - a suspeita atual é que esteja na Argentina. A polícia federal dos Estados Unidos oferece uma recompensa de 250 000 dólares a quem fornecer pistas de seu paradeiro. 

O objetivo de Conn e Parker, autores também de um livro sobre ecoterrorismo, é alertar para o fato de San Diego não ser um fanático isolado. Ele integra a Brigada pela Liberação dos Animais, uma das várias organizações que, nas últimas quatro décadas, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, adotaram a prática de crimes violentos para combater não apenas o uso de animais como cobaias, mas igualmente qualquer atitude que considerem prejudicial à natureza. Os métodos dessas organizações incluem incendiar carros de cientistas, incutir medo na família deles e vandalizar suas residências, fazendo pichações e quebrando janelas. "Sofri uma tentativa de sequestro, seguida de intimidações por carta e amea¬ças de agressão física", disse Conn a VEJA. Ele é perseguido por usar cobaias em pesquisas cujo objetivo é encontrar novas formas de tratamento para doenças graves, como diabetes e Alzheimer. Estima-se que 12 milhões de americanos tenham sobrevivido ao câncer graças a terapias que só ganharam os hospitais depois de ser testadas em animais. A importância do uso de cobaias pode ser comprovada pelo fato de que 75 dos 101 prêmios Nobel já conferidos em medicina resultaram de estudos feitos com animais.

O Brasil não está livre do ecoterrorismo. Em 1997, o braço brasileiro da Frente pela Libertação dos Animais invadiu um laboratório em Santa Catarina e libertou oitenta macacos. Há três anos, o mesmo grupo destruiu uma sala do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo e jogou tinta numa professora que participava de um fórum em Campinas, no interior de São Paulo. "Seus integrantes divulgam bobagens como a de que somos inimigos dos animais", afirma a professora atacada, que pede para se manter no anonimato por receio de sofrer represálias. "Não percebem que nossas pesquisas salvam muitas vidas." 

O uso de animais como cobaias em experiências científicas é regulamentado na maioria dos países, inclusive no Brasil, de forma a reduzir ao máximo o seu sofrimento. Os testes só podem ser realizados por estabelecimentos de ensino e institutos de pesquisa credenciados, e desvios de conduta podem ser punidos com multas e até a cassação do credenciamento do cientista. "Os atos de banditismo dos ecoterroristas só servem para sujar a imagem dos ambientalistas e dificultar o trabalho de proteção da natureza", diz o biólogo fluminense Dener Giovanini, ganhador do principal prêmio mundial da área ambiental, concedido pela Organização das Nações Unidas. Na verdade, Daniel Andreas San Diego é só mais um psicopata que lança mão de uma causa aparentemente justa para dar vazão a seus instintos animais - animais no mau sentido.

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