Acordo foi firmado entre a UFRJ e a chinesa Universidade de Tsinghua
Um dos projetos da parceria será sobre biocombustíveis
Rio de Janeiro - A cooperação firmada entre o Brasil e a China, por
meio do Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecnologias
Inovadoras para Energia, poderá resultar em benefícios para o Brasil
especialmente na área de energias renováveis, disse o diretor de
Tecnologia e Inovação da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de
Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ), Segen
Estefen. Ele participou de seminário realizado hoje (27) pelo Centro
China-Brasil, na Cidade Universitária, no Rio de Janeiro.
O centro china-brasil é fruto de
parceria entre a coppe e a universidade de tsinghua, principal universidade
chinesa na área de engenharia. O centro tem por objetivo formular estratégias e
ações para subsidiar decisões dos dois governos nas áreas de energia e de meio
ambiente
.
Segen Estefen declarou que o Brasil e a China têm características
comuns em termos de discussões sobre as emissões de gases poluentes, o
que abre um espaço de convergência na atuação dos dois países, “o que é
positivo para o Brasil”. Ele destacou que em relação às tecnologias
renováveis, sobretudo, em que a China vem exercendo preponderância nos
últimos anos, em função do baixo custo de produção, são grandes as
oportunidades de transferência de tecnologia para o Brasil,
principalmente em torres dos aerogeradores, na parte de energia eólica
(dos ventos), e também nos painéis solares, com destaque para o
fotovoltaico.
“Nesse contexto, a Coppe busca uma parceria, na qual nós poderíamos
contribuir no avanço dessas tecnologias mas, ao mesmo tempo, trabalhar
as tecnologias para a realidade brasileira, para que elas sejam mais
eficientes para as condições do Brasil”. A Coppe deve assinar nos
próximos dias um acordo com uma grande empresa chinesa fabricante de
aerogeradores, “dentro da possibilidade de o Brasil tropicalizar esses
equipamentos”, disse.
Outro projeto em andamento, que prevê a permanência de dois
pesquisadores da Coppe na China pelo período de 60 dias, trata da
produção de biocombustíveis, com ênfase no biodiesel. “Nós usaríamos
palma para a fabricação de biodiesel, que é uma tecnologia que os
chineses desenvolveram com a Dinamarca e nós queremos também adequar
para a realidade brasileira”.
De acordo com Segen Estefen, a ideia é trabalhar com os chineses
naquilo em que eles estão desenvolvidos, mas sempre voltado para a
aplicação no Brasil. Avaliou que o país deve aproveitar a dinâmica de
crescimento econômico da China “e tentar tirar algum benefício, e não
confrontar a capacidade deles de produção”. Segundo o diretor da Coppe,
dificilmente, o Brasil poderá concorrer com os chineses em termos de
produção. “Mas podemos contribuir para o aprimoramento da tecnologia e
dividir com eles a propriedade de alguns desenvolvimentos tecnológicos”.
A cooperação bilateral entre a Coppe e a Universidade de Tsinghua
poderá resultar, na prática, em transferência de tecnologia brasileira
para a China e chinesa para o Brasil. “Um dos objetivos é esse. Mas não
só transferir. É nós acharmos alguns pontos de convergência onde a
experiência nossa possa se agregar à experiência deles”.
Apesar dos chineses estarem mais avançados em tecnologia para energia
solar e eólica, o país asiático poderá se beneficiar da tecnologia da
Coppe, que desenvolve um trabalho de geração de energia a partir de
ondas e marés. Estefen disse que os chineses reconhecem também a
supremacia brasileira na tecnologia para produção de petróleo em águas
profundas. Estudantes chineses estão trabalhando com pesquisadores na
Coppe nessa área.
“O que nós queremos é que esse centro em Tsinghua seja aglutinador de
iniciativas que nós tenhamos com outras universidades da China”. Estefen
assegurou que o Brasil não pode ficar alheio ao que ocorre na China. “A
China hoje é um vetor muito importante na ordem mundial. E quem não
estiver de certa forma interagindo com a China, tende a ficar alienado
desse movimento mundial”.
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