Se todos os países do mundo atuassem
como a pequena nação escandinava da Dinamarca, poderíamos ter a
oportunidade de lutar contra as mudanças climáticas. O país não só
incentiva seu inovador sistema de energia renovável – a Dinamarca é o
país-sede da Vestas, maior empresa de energia renovável do mundo, e
planeja abrir mão do uso de combustíveis fósseis até o ano de 2050 –
como também sua capital, Copenhagen, é considerada uma das mais verdes
do mundo.
A economia da nação cresceu 80% desde a
década de 1980, apesar dos níveis de emissões não terem aumentado. Até
2020, Dinamarca planeja obter 42% de sua energia por geração eólica e
20% por biomassa, o que é fantástico, atté mesmo surpreendente. Mas a
Dinamarca é o lar de menos de cinco milhões e meio de pessoas, o que
representa menos de 0,1% da população mundial. Para que as estratégias
do país em relação ao clima e à energia tenham sentido, é preciso buscar
uma forma de exportá-las para o resto do planeta.
Para isso, temos de entender melhor
essas estratégias. E o que vou tentar fazer nos próximos dias.
Participarei de um curso intensivo sobre as medidas ligadas à
climatologia no país. Farei de estudos intensivos sobre projetos
eficientes de tratamentos de resíduos e entrevistas com funcionários de
alto escalão do país até excursões por Copenhagen. Vou mergulhar em um
mundo de ações sustentáveis. Também darei uma volta pelo Roskilde, o
Festival Anual de Rock da Dinamarca, que pretende se transformar no mais verde do circuito.
A iniciativa público-privada da
Dinamarca, o Consórcio do Clima, pagou pela minha passagem de avião e me
deu um passe de imprensa para Roskilde, para que eu pudesse escrever
coisas bonitas sobre eles. O engraçado, no entanto, é que minha opinião
sobre as façanhas energéticas dos dinamarqueses já estava estava em seu
ponto mais alto, e só tende a decrescer daqui para frente...
Estou brincando, é claro. Por enquanto, a
Dinamarca tem feito os Estados Unidos parecerem um anacrônico queimador
de óleo de baleia. Mas a implementação desse modelo ou de uma variante
ainda traz muitos desafios. Isso também será levado em conta, enquanto
reflito sobre a viabilidade de utilização das ideias da Dinamarca em um
mundo grande e caótico. As predileções culturais também ajudam a
explicar a porcentagem assombrosamente grande da população que vai ao
trabalho de bicicleta, impressionantes 40% (os jornalistas do Brasil e
da China que viajam comigo comentaram que isso nunca poderia acontecer
em seus respectivos países, onde as bicicletas são usadas,
principalmente, pelos mais pobres). E a sustentabilidade da biomassa,
que está sendo intensificada pelos dinamarqueses, ainda é muito
debatida.
Mas tudo isso vale a pena. A Dinamarca é
constantemente classificada como um dos países mais felizes do mundo.
Lady Gaga tem menos fantasias do que Copenhagen tem prêmios de “cidade
mais habitável” e “mais verde” do planeta. O país é comandado por
pensadores progressistas que a aproximam de uma democracia liberal
ideal.
Bom, ficou bem claro. A Dinamarca é
impressionante. Mas nem todo esse caráter espetacular vai valer muito
se, no futuro, os historiadores olharem para trás, analisarem que o
mundo está dez graus mais quente e disserem que, “Bem, as pessoas
daquele país tinham razão”.
Não. Temos que verificar se é possível
“Dinamarquizar” as sociedades do mundo todo. E, se não for possível,
pensar no que poderia funcionar em seu lugar.
Por Discovery Brasi
Brian Merchant, Nova York
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