O
Brasil pode seguir a tendência de países como Alemanha e Itália,
decretando moratória no uso da energia nuclear, se aprovar proposta em
tramitação no Senado Federal.
O Projeto de lei do senador Cristovam
Buarque (PDT-DF) suspende a construção de novas usinas termonucleares em
todo o território nacional pelo prazo de 30 anos.
Nos dias 12 e 13 de junho, 94% dos
eleitores italianos rejeitaram, em plebiscito, a retomada do programa
nuclear naquele país. Na Alemanha, o governo decidiu desativar todas
suas usinas nucleares até o ano de 2022.
Na justificação do PLS 405, que terá
decisão terminativa na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI),
Cristovam Buarque afirma que a suspensão preventiva contribuirá para
afastar do país o clima de incerteza sobre a energia nuclear e não
restringirá as pesquisas científicas no setor.
Impacto
Caso o Brasil opte pela moratória na
energia nuclear, o impacto será muito pequeno. No primeiro semestre de
2011, a central nuclear de Angra dos Reis respondeu por 3,19% do mercado
de energia elétrica nacional, produzindo 1.793 megawatts médios. Na
Alemanha, as usinas termonucleares são responsáveis por 26,12% da
energia gerada no país.
Os reatores respondem atualmente por 14%
da produção de energia elétrica no mundo, de acordo com relatório da
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Isso os coloca como a
terceira maior fonte, atrás do carvão e do gás natural. Os países mais
dependentes de energia atômica são Lituânia (76,22%), França (75,17%) e
Eslováquia (53,5%).
Planos
Uma eventual moratória choca-se contra os
planos do governo federal, que prevêem a construção de pelo menos mais
quatro usinas nucleares até 2030. Segundo os estudos do Executivo, em
2015, com a entrada em operação de Angra 3, o parque nuclear geraria
3.300 megawatts. Com mais quatro usinas, a capacidade de geração de
energia nuclear, em 2030, chegaria a 7.300 megawatts.
O cronograma prevê para 2019 e 2021,
respectivamente, o início da operação da primeira e da segunda usinas do
Nordeste. Em 2023 e 2025, deverão entrar em operação a primeira e a
segunda usinas do Sudeste.
Japão
As decisões da Itália e da Alemanha
contra o uso da energia nuclear foram influenciadas pelo desastre
nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, em 11 de março deste ano, depois
de um terremoto seguido de tsunami que destruiu as instalações do
complexo.
Mesmo uma usina não afetada pelo
desastre, a de Hamaoka, no sudoeste de Tóquio, aceitou pedido do governo
japonês de suspender as operações dos reatores pelo risco sísmico na
região onde está localizada.
Com informações da Agência Senado.
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