Apesar
da existência de diversos estudos sobre a contaminação por chumbo
causada por uma empresa francesa em Santo Amaro da Purificação, na
Bahia, não são realizadas ações concretas para resolver os problemas
resultantes da atividade mineradora.
São 500 mil toneladas de escórias com
chumbo deixadas pela Cobrac (Companhia Brasileira de Chumbo),
subsidiária da Penarroya Oxide, que encerrou suas atividades no local em
1993, depois de operar por mais de 30 anos em Santo Amaro. O material
contaminou o solo, a água e causou doenças graves nos ex-trabalhadores
da mineradora e na população do entorno da fábrica.
O processo de contaminação que se
iniciou ainda nos anos 60 e se desdobra até hoje: cidadãos doentes e
marginalizados, crianças com deformações, águas e subsolo comprometidos
por chumbo e outros metais.
Aproximadamente 80% da população de
Santo Amaro estão afetados por exposição ao chumbo, informou o diretor
do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador
do Ministério da Saúde, Guilherme Franco Netto. Além do chumbo, cádmio,
cobre e zinco foram encontrados na cidade em concentração acima do
recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), destacou. Ele disse
que grupo multisetorial do governo federal vem atuando para minimizar
os problemas da população.
Santo Amaro sofre as consequências do
desenvolvimento sem preocupação com a saúde e com o meio ambiente,
observou Fernando Vasconcelos, que representou o Ministério da Saúde. O
assunto merece ser discutido após quase duas décadas do encerramento das
atividades da empresa, ressaltou, para se encontrar soluções para os
problemas causados e não para gerar mais artigos e teses sobre o caso.
Com a política nacional de resíduos
sólidos e a legislação ambiental vigente, dificilmente problemas como o
de Santo Amaro acontecerão no país, afirmou a gerente de Projeto de
Resíduos Perigosos do Departamento de Qualidade Ambiental do Ministério
do Meio Ambiente, Zilda Maria Faria Veloso. Ela informou que o
ministério do Meio ambiente vai capacitar os órgãos estaduais de meio
ambiente para reconhecer e evitar possíveis danos ambientais e à saúde
de sua população.
Segundo o técnico de laboratório Augusto
César Lago Machado, que participou, nesta quinta-feira (26/05), de
audiência pública no Senado Federal, ele foi contaminado por chumbo ao
trabalhar por 19 anos na subsidiária da empresa francesa Penarroya
Oxide, que instalou na cidade para beneficiar o minério e produzir
lingotes de chumbo. A subsidiária foi depois incorporada ao Grupo Trevo e
a Penarroya Oxide passou a fazer parte do Grupo Metaleurop.
Augusto Machado afirmou, muito
emocionado, que a única ação realizada foi o reconhecimento por parte do
Ministério da Justiça, em ação itinerante, do direito a proventos
previdenciários dos ex-trabalhadores da mineradora. Em sua avaliação, a
descontaminação da cidade depende apenas de vontade política e
conhecimento técnico. “Foi gasto muito dinheiro em pesquisas e qual foi a
ação concreta”, indagou.
Os rejeitos são compostos de terra
misturada com cerca de 4% de chumbo, 12% de zinco e 20% de ferro e
outros elementos, informou o técnico de laboratório. Ele disse que por
meio de solução ácida é possível separar os minérios e torná-los
rentáveis. Ele sugeriu a criação de uma planta piloto em pólo
petroquímico para tratamento da escória.
Com informações da Agência Senado.
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