Carga de urânio altamente
radioativa aguarda destinação estacionada em delegacia do interior da Bahia. O
material veio de São Paulo, mas não apresentou autorização oficial de
transporte.
Nove
caminhões carregados de material radioativo estacionados no pátio de uma
delegacia no interior da Bahia aguardam indefinidamente um rumo. Este é o
cenário desolador do caótico programa nuclear brasileiro. O comboio veio de São
Paulo, tentou entrar no município de Caetité (BA) na noite do dia 15 de maio e
foi rejeitado pela população, que aguardava em vigília. Até o momento, nenhuma
autorização de transporte foi apresentada pelos órgãos responsáveis.
Segundo
a Indústria Nuclear do Brasil (INB), o comboio com cem toneladas de urânio saiu
de uma reserva da marinha em Iperó (SP) para ser embalado em Caetité, única
cidade do país onde há minas de urânio, e depois enviado para fora do país. Mas
o tal carregamento está rodeado de incertezas: Não há provas de que não se
trate de lixo radioativo e, até o momento, não se viu a cara de qualquer
autorização do IBAMA para o transporte de uma carga letal que percorreu cerca
de 1500 km por estradas brasileiras.
O
clima em Caetité é de apreensão total. O Greenpeace esteve na delegacia onde
repousam os caminhões, em Guanambi, a 30 km de Caetité, e o comando principal
do batalhão pouco sabe sobre o elefante branco que está em seu pátio. O mesmo
vale para a população, que exige a retirada imediata do material.
Originalmente, o comboio tinha 13 veículos, dos quais 4 provavelmente conseguiram
entrar na sede da INB.
“O
episódio revela a falta de governança do programa nuclear brasileiro. Primeiro,
um grande carregamento de material altamente tóxico empreende uma jornada pelas
rodovias brasileiras sem autorização clara de transporte. É levada para uma
cidade que rejeita o material e agora é mantida exposta a céu aberto no pátio
de uma delegacia, colocando em risco a população”, diz Pedro Torres, da
Campanha de Energia do Greenpeace.
Padre
Osvaldino, liderança local convidada pela prefeitura a participar de audiência
com a INB sobre o caso esta manhã, acredita que a tática da Indústria Nuclear é
a de vencer a população pelo cansaço. “As pessoas não podem ficar em vigília
por muito tempo para evitar que a carga saia do lugar”, diz. O Greenpeace foi
barrado na porta da audiência.. O impasse – leia-se, a carga radioativa -
permanece pelo menos até amanhã, dia 18 de maio, quando as negociações entre
prefeitura, INB e representantes da população local recomeçarem.
Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Descaso-a-ceu-aberto/
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