O desmatamento
da Amazônia cresceu muito e está fora de controle em Mato Grosso, onde 753,7
quilômetros quadrados de floresta foram derrubados entre agosto de 2010 e abril
deste ano. No período anterior, de agosto de 2009 a julho de 2010, o
desmatamento em Mato Grosso tinha sido bem menor: de 661 quilômetros quadrados.
A área destruída agora é maior que Goiânia. Como ainda faltam ser computados três meses, para fechar o período de análises do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que mede o desmatamento via satélite, o Ibama espera que a destruição ultrapasse 1.400 quilômetros quadrados, área maior que a cidade do Rio de Janeiro. Se confirmado, o número representará aumento de 53% com relação ao mesmo período do ano passado. Os números do desmatamento em toda a região serão divulgados nesta quarta-feira, em Brasília, pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Desmatamentos ostensivos, com uso de "correntões"
Técnicos do Ibama que trabalham nas operações de
combate ao desmatamento dizem que as infrações vêm sendo cometidas devido à
expectativa de mudanças no Código Florestal. Embora as negociações entre o
governo e o relator da reforma do código estejam emboladas, a matéria está a um
passo de ser votada no plenário da Câmara dos Deputados. O Ibama ficou
espantado de constatar a presença de desmatamentos ostensivos, com o uso dos
chamados "correntões". Os crimes ambientais estariam sendo cometidos
com a intenção de abrir áreas que possam vir a ser legalizadas pela nova
legislação.
Preocupada com a situação, a ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira, reuniu-se esta semana com o ministro da Casa
Civil, Antonio Palocci, para que o governo trace uma estratégia de divulgação
da má notícia que não cause impactos para a venda da soja brasileira no
exterior. A tese de quem está em campo acompanhando a crise é que os produtores
estejam desmatando para ampliar a produção do grão no estado. O aumento do
preço das commodities estaria influenciando a decisão dos produtores de
desmatar para plantar mais.
Os novos desmatamentos fogem do padrão de derrubada
da vegetação nativa registrada nos últimos anos. O município que mais desmatou
no Mato Grosso foi Alto Boa Vista, que entre agosto de 2010 e abril deste ano
destruiu 97,6 quilômetros quadrados. No período anterior, a cidade tinha
desmatado uma área residual, de apenas 3,5 quilômetros quadrados, um aumento de
quase 100% em um ano. Nova Ubiratã também desmatou grande área: 85,9
quilômetros quadrados, seguida por Bom Jesus, onde 79 quilômetros quadrados de
floresta viraram terra nua.
Destruição
no Mato Grosso pode ser maior
O desmatamento da Amazônia Legal será divulgado
oficialmente pelo governo nesta quarta-feira. Os números fazem parte do sistema
de detecção do Inpe chamado Deter, que, por não pegar desmatamentos muito
pequenos, é um indicativo do que está havendo na floresta.
A medição definitiva é confirmada pelo sistema
Prodes, que só sai em novembro, após checagem dos dados de todo o período
analisado (agosto do ano anterior a julho do ano vigente). O Ibama trabalha com
a tese de que o Deter detecta 70% do que o Prodes detecta. Sendo assim, no caso
de Mato Grosso, além dos 753 quilômetros quadrados de desmatamento já
registrados, seriam somados ainda 682 quilômetros quadrados desmatados até o
final da medição, gerando total de 1.435 quilômetros quadrados derrubados.
Por Catarina Alencastro
Fonte:http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/05/17/desmatamento-da-amazonia-cresce-em-mato-grosso-para-tecnicos-do-ibama-motivo-expectativa-de-mudancas-no-codigo-florestal-924487086.asp
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