Duas equipes do Ibama/RS estiveram no
domingo (15/05) na Lagoa Mirim para fiscalização da pesca com rede de
espera no município de Santa Vitória do Palmar/RS. A fiscalização atende
demanda feita pelo Ministério Público Federal. Uma das equipes navegou
pelas águas da lagoa ao longo do dia e encontrou centenas de redes de
espera instaladas pelos pescadores locais. Algumas redes apresentavam o
tamanho mínimo permitido pela legislação, no entanto grande parte dos
petrechos estavam em desconformidade com a Instrução Normativa Conjunta
SEAP/MMA nº 02/2004, de 09/02/2004, e possuíam malha menor do que os 90
mm previstos.
Segundo o chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama/RS, Régis Fontana
Pinto, malhas predatórias de 70 mm e até 60 mm foram encontradas,
geralmente, cheias de peixes miúdos, jovens e juvenis emalhados, que,
quando adultos, poderiam renovar os estoques pesqueiros da lagoa e que
estão sendo pescados antes de se reproduzirem.
Foi constatada também a tentativa de burlar a fiscalização por parte
dos pescadores, que amarram redes de tamanho permitido na ponta da boia
de sinalização, onde geralmente se inicia a conferência da malha, e
depois emendam com redes de tamanho menor. Ao todo, foram retirados
4.500 metros de rede. Uma grande quantidade de peixes ainda vivos foi
retirada das malhas e devolvida às águas. Entre os peixes, foram
identificados traíras, tainhas, bagres, violinhas, jundiás e
peixe-cachorro, entre outros. As redes foram encaminhadas para o
Escritório Regional de Rio Grande e serão destruídas já que nenhum dos
pescadores pôde ser identificado. Já os animais mortos, segundo Régis,
cumpriram seu papel ecológico, servindo de alimento para o bando de
gaivotas que acompanhava a embarcação.
A equipe de terra, com o auxílio do agente ambiental Álbio Cruz
Garcia, responsável pela unidade do Ibama em Santa Vitória do Palmar,
vistoriou locais utilizados para acampamento de pescadores e retirou 200
metros de rede que estavam atravessadas em um canal afluente da lagoa.
Durante toda a semana de fiscalização, os fiscais do Ibama/RS recolheram
5.550 metros de rede e aplicaram multas no valor de R$ 8,3 mil.
A Lagoa Mirim
A Lagoa Mirim é um dos principais corpos hídricos do sistema lagunar
meridional da América do Sul e possui regime de águas compartilhadas
entre o Brasil e o Uruguai. Consiste no segundo maior corpo hídrico com
características lacustres do Brasil, possuindo 174 km de comprimento e
largura média de 45 km (Vieira e Rangel, 1988). O maior corpo lagunar do
país é a Lagoa dos Patos, com área de 10.360 km², com ao qual a Lagoa
Mirim interliga-se através do canal de São Gonçalo.
Essa fronteira conjunta, segundo o chefe da fiscalização, torna
difícil a identificação desse limite no interior da lagoa. Para evitar
incidentes, a equipe do Ibama manteve-se sempre próxima à margem
brasileira da lagoa. Régis Fontana Pinto destaca a rica avifauna
aquática, “que torna ainda mais bonita a paisagem formada pelas águas e
margens arborizadas por figueiras”.
Doações para o Mesa Brasil
De acordo com relatório da assistente social do Programa Mesa
Brasil/Rio Grande, Luciana Basile Silva, enviado ao Ibama/RS, os 683
quilos de peixes apreendidos nas ações de fiscalização (entre os dias 9 e
13/05) foram destinados para nove entidades daquela cidade,
beneficiando 373 pessoas.
Maria Helena Firmbach Annes
Ascom – Ibama/RS
Foto: Gustavo Mahler
Ascom – Ibama/RS
Foto: Gustavo Mahler
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