No sul do estado, 3 000 pessoas vivem do roubo de eucalipto, que é convertido em carvão e, depois, consumido por siderúrgicas do Sudeste
O sul da Bahia lidera a
produção de celulose no país. Em uma área vinte vezes maior que a da capital do
estado, Salvador, os gigantes Fibria, Veracel e Suzano empregam 15 000 pessoas
e produzem 22% da pasta de madeira nacional. Até o fim da década passada, essas
três indústrias sofreram duas dezenas de ataques do MST, que destruíram
propriedades e devastaram as lavouras de eucalipto. Há cerca de três anos, o
MST concentrou-se em uma região mais próxima da capital - mas deixou no sul do
estado um legado de saques contínuos que, agora, ameaçam a economia e o
ambiente. A Polícia Militar da Bahia estima que 3 000 pessoas passaram a viver
do abate sistemático de árvores.
A madeira abastece 4 000
fornos ilegais usados para a confecção de carvão e manuseados por crianças. As
tentativas das autoridades de impedir o crime não vêm surtindo resultado. Há
dez dias, policiais conseguiram apreender quarenta caminhões carregados de
troncos roubados da Fibria e da Suzano. Mas ninguém foi preso. "Eles têm
informantes ao longo das estradas e fogem antes de chegarmos", diz o major
da Polícia Militar Ivanildo da Silva, responsável pela segurança da região. As
perdas são milionárias. A Suzano teve prejuízos de 135 milhões de reais desde
2007 e a Fibria, de 13 milhões de reais só no ano passado.
A cadeia da bandidagem é complexa. Na base, estão os pobres dos municípios de Mucuri, Nova Viçosa e Alcobaça, que obtêm renda de 600 reais mensais para produzir carvão ilegal para atravessadores que abastecem siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo. Confiantes na impunidade, carvoeiros, aliciadores de mão de obra e chefes da Máfia do Carvão agem à luz do dia e procuram justificar seus crimes com o surrado discurso do problema social. "Tem muito eucalipto aqui e eu não tenho outra coisa para fazer. Roubo mesmo", diz Robson dos Santos Lima. Toda vez que a polícia baiana apreende carvão ilegal, a quadrilha reage.
Em seu mais recente ato de retaliação, os criminosos atearam fogo em um ônibus que transportava 25 funcionários da Fibria. Amea¬ças e incêndios são rotina. As queimadas já atingiram 19 000 hectares de florestas de eucalipto. Além de lançarem no ar uma quantidade de monóxido de carbono equivalente a quatro meses de emissões da frota baiana de veículos, os criminosos impedem que as empresas explorem a madeira de maneira sustentável na fabricação de celulose.
A cadeia da bandidagem é complexa. Na base, estão os pobres dos municípios de Mucuri, Nova Viçosa e Alcobaça, que obtêm renda de 600 reais mensais para produzir carvão ilegal para atravessadores que abastecem siderúrgicas de Minas Gerais e do Espírito Santo. Confiantes na impunidade, carvoeiros, aliciadores de mão de obra e chefes da Máfia do Carvão agem à luz do dia e procuram justificar seus crimes com o surrado discurso do problema social. "Tem muito eucalipto aqui e eu não tenho outra coisa para fazer. Roubo mesmo", diz Robson dos Santos Lima. Toda vez que a polícia baiana apreende carvão ilegal, a quadrilha reage.
Em seu mais recente ato de retaliação, os criminosos atearam fogo em um ônibus que transportava 25 funcionários da Fibria. Amea¬ças e incêndios são rotina. As queimadas já atingiram 19 000 hectares de florestas de eucalipto. Além de lançarem no ar uma quantidade de monóxido de carbono equivalente a quatro meses de emissões da frota baiana de veículos, os criminosos impedem que as empresas explorem a madeira de maneira sustentável na fabricação de celulose.
Vinícius Segalla -Revista Veja
Fonte:http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/mafia-carvao-age-bahia-roubo-eucalipto-veja-627934.shtml
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