Três dias depois da morte de um casal de extrativistas no Pará, mais uma liderança comunitária da Amazônia foi executada. O agricultor e líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos, conhecido com Dinho, foi morto nesta sexta-feira, por volta de 10h, no distrito de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho, Rondônia. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dinho estava vendendo verduras que produzia no acampamento onde vive quando foi assassinado a tiros por um motociclista.
O agricultor vinha sendo ameaçado de morte por denunciar a ação de madeireiros na divisa entre os estados do Acre, Amazonas e Rondônia. Junto com outros trabalhadores sem terra, Dinho reivindicava a criação de um assentamento da reforma agrária na região. Segundo a CPT, a situação ficou tensa na região nos últimos dias, depois de uma ação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que apreendeu madeira e gado criados em áreas irregulares.
Em julho do ano passado, Dinho chegou a
avisar ao ouvidor agrário nacional, Gercino Silva, que estava sendo ameaçado,
de acordo com a CPT.
O Movimento Camponês Corumbiara foi
criado após o confronto entre um grupo de trabalhadores sem terra e policiais
militares em agosto de 1995, na Fazenda Santa Elina. Doze agricultores foram
mortos no episódio.
Em nota, a Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República e a Secretaria-Geral da Presidência da
República disseram que o assassinato de Dinho "merece o
nosso total repúdio e indignação" e lembrou que "há três dias o Brasil se chocou com a execução de
duas lideranças em circunstâncias semelhantes, no Pará". O texto diz,
ainda, que "essas práticas não podem ser rotina em nosso país e precisam
de um basta imediato". A exemplo do que aconteceu com o casal de
extrativistas no Pará, a Polícia Federal (PF) também deve investigar o caso.
Segundo levantamento conjunto da
Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos e da Ouvidoria Agrária Nacional, desde
2001, já foram registrados 71 assassinatos em Rondônia motivados por questões
agrárias - mais de 90% dos casos ficaram sem punição.
Na manhã de terça-feira, os líderes
extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva
foram executados em Nova Ipixuna, no Pará. Segundo a polícia, eles foram
atingidos por vários tiros quando passavam por uma ponte no caminho da
comunidade rural onde moravam. A exemplo de Dinho, o casal também vinha sendo
ameaçado de morte.
Fonte: Portal R7
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