Carregamento de toneladas de
urânio aguarda há cinco dias um posicionamento oficial para finalmente
encontrar um destino seguro, em um claro descaso das autoridades com a
segurança da população.
O circo está armado nas cidades de Guanambi e
Caetité, municípios do interior da Bahia, onde graças ao descaso das
autoridades do programa nuclear brasileiro, há cinco dias, um carregamento de
cerca de 100 toneladas de urânio estocados em nove caminhões está parado em um
batalhão de polícia, a céu aberto. Há dúvidas sérias sobre os níveis de
radiação medidos próximos ao comboio e autoridades locais já receberam ameaça
de morte. Enquanto isto, silêncio total das autoridades responsáveis. O
Greenpeace pede um pronunciamento oficial do Ministério de Ciência e Tecnologia
(MCT)
A população de ambas as cidades rejeita o material,
que viajou por cerca de 1500 km de São Paulo sem que sequer uma autorização de
transporte oficial tenha sido apresentada.
Representantes de segundo escalão da CNEN, órgão
regulador do setor nuclear ligado ao MCT, e da Indústrias Nucleares do Brasil
(INB), empresa responsável pela mineração de urânio na cidade de Caetité,
estiveram ontem no local. Realizaram medição de radiação, mostraram-se
tranquilos quanto ao resultado e fizeram até piada com o assunto.
A mesma medição foi realizada por Gilmar Rocha,
liderança da Comissão Pastoral da Terra que há um ano monitora os níveis
próximos às minas de urânio. Segundo Rocha, os níveis que mediu próximo ao
caminhão estão muito acima do que o já visto próximo à mina de Caetité. Graças
às denúncias, padre Osvaldino, importante líder local nas questões relacionadas
à mineração, recebeu ameaças de morte.
Assista ao vídeo:
A população de ambas as cidades está nas ruas. Em
Guanambi, a concentração aconteceu pela manhã em frente ao batalhão onde
aguarda o comboio. Os moradores foram recebidos por reforço policial:
grupamento de operação especial, a temida polícia da Caatinga e a polícia
rodoviária federal. Em Caetité, o pedido das ruas é o mesmo, a volta dos
caminhões carregados de urânio do local de onde vieram. A contar pelo forte
policiamento, as próximas horas prometem alta tensão.
O ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio
Mercadante, nada disse sobre esta bagunça generalizada. O Greenpeace e a
população das duas cidades afetadas pelo descaso do programa nuclear brasileiro
pedem este pronunciamento oficial, com respostas às dúvidas que pairam e uma
resolução final para o impasse.
“É preciso que haja um entendimento claro sobre,
afinal de contas, que carregamento de urânio é este, que há não se sabe quanto
tempo esteve em uma área da Marinha em São Paulo, por que veio para Caetité
agora, onde estão todos os documentos necessários para este transporte
perigoso. Em meio a tantas dúvidas, pedimos que a carga retorne ao seu local de
origem e passe por uma inspeção mais apurada lá”, diz Pedro Torres, da Campanha
de Clima e Energia.
Peça você também ao Ministro Mercadante que faça este
pronunciamento oficial e resolva a questão o mais rápido possível:
Pelo
email: ministro@mct.gov.br
Pelo
telefone do gabinete: (61) 3317 7505
Pelo
twitter: www.twitter.com/mercadante
Fonte: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Uranio-entre-o-caos-e-o-silencio/
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