Fé no planeta
Religiões abraçam a filosofia verde,
passam a construir templos com materiais reciclados e conquistam
certificações ambientais de padrão internacional
Monge medita em templo budista feito com um milhão de garrafas de cerveja
Os templos religiosos não só aderem às construções sustentáveis como
as inovam. Mesmo as instituições mais conservadoras do planeta parecem
entender que as mudanças de atitude precisam ser tão rápidas quanto as
mudanças climáticas. O mais recente empreendimento a chamar a atenção
pela ousadia é uma mesquita que deve ser construída na cidade alemã de
Norderstedt. A diferença fundamental para outros templos islâmicos é que
esse terá turbinas eólicas em seus dois minaretes – as torres que se
destacam na fachada de qualquer mesquita.
Os equipamentos, que devem fornecer um terço da energia elétrica do
prédio, terão ainda hélices de vidro de 1,5 metro cada e refletirão a
luz do sol numa determinada hora do dia, causando um efeito luminoso –
tudo isso no alto dos 22 metros dos minaretes. O custo estimado da obra é
de 2,5 milhões de euros (R$ 5,7 milhões). “Pensei em como poderia dar
um foco ecológico à arquitetura sacra”, disse ao jornal britânico “The
Guardian” o arquiteto Selcuk Ünyilmaz, responsável pelo projeto. “Meu
desenho tinha de combinar o moderno com o tradicional. Então dei uma
função contemporânea aos minaretes”, afirma.
A obra não tem data para começar. Mas o grupo missionário islâmico
Tablighi Jamaat também pretende construir, em Londres, uma mesquita com
turbinas semelhantes, que ficaria pronta a tempo dos Jogos Olímpicos do
ano que vem na capital inglesa. O local seria um ponto de encontro de
atletas e espectadores muçulmanos. Outros exemplos de locais inovadores
na questão ambiental podem ser vistos desde a Tailândia, onde budistas
construíram um templo com um milhão de garrafas de cerveja, até
sinagogas e igrejas com certificação ambiental.
No Brasil, pelo menos duas construções pertencentes a grupos religiosos
já conseguiram ou buscam a certificação ambiental. Uma delas é o centro
de treinamento e de alojamentos da entidade religiosa de origem japonesa
Sukyo Mahikari, em São Paulo. O prédio, cujas obras devem terminar em
outubro, terá certificação Aqua (Alta Qualidade Ambiental), da Fundação
Vanzolini, ligada à Universidade de São Paulo (USP). “São 14 categorias
que temos de contemplar, desde economia de água e energia até conforto
térmico e acústico”, explica Eduardo Tadashi Kuguimiya, supervisor de
engenharia do empreendimento.
Ainda em obras, o Templo de Salomão, da Igreja Universal do Reino de
Deus, busca a certificação LEED, uma das mais prestigiadas do mundo.
“Nada como lugares que congregam tantas pessoas, como templos
religiosos, para divulgar a importância da conservação do meio
ambiente”, diz Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo da
Aqua. “O que os empreendedores precisam entender sobre construções
sustentáveis é que, no fim das contas, elas ficam mais confortáveis,
saudáveis e econômicas”, explica. É para ficar em paz com o espírito e o
ambiente.

http://www.istoe.com.br/reportagens/143553_FE+NO+PLANETA
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