O Ibama em parceria com a Universidade
Estadual Paulista (Unesp-Botucatu) comprovou cientificamente as fraudes
praticadas por uma empresa na exportação de barbatanas de tubarão no
Pará. Das 152 amostras de barbatanas já analisadas pelos pesquisadores,
31% não correspondiam à espécie declarada, o que configura crime
ambiental. “O índice é muito alto, pois a legislação exige 100% de
precisão para não por em risco espécies ameaçadas”, explica o chefe da
Divisão de Fauna do Ibama no estado, Leandro Aranha.
Sediada
em Belém, a empresa alvo da pesquisa teve 3,3 toneladas de barbatanas
de tubarão apreendidas em maio de 2010 pelo Ibama. A maioria das
apreensões feitas pelo instituto no Pará ocorre por falta de comprovação
que a carcaça do animal foi vendida, o que demonstra a prática do
finning (quando o pescador retira as barbatanas e descarta o tubarão
mutilado no mar, o que provoca sua morte lentamente).
Nas fiscalizações, os técnicos do Ibama
ainda suspeitaram dos registros nos mapas de bordo da empresa, que
registravam a pesca de uma única espécie: o tubarão azul, o mais
abundante na costa brasileira. “Mas já sabíamos que a pesca
indiscriminada, sem atentar para espécies ameaçadas, era um grande
problema no setor”, conta Aranha. Em novembro de 2010, veterinários do
instituto e pesquisadores do Laboratório de Biologia e Genética de
Peixes da Unesp, do campus Botucatu, recolheram 350 amostras das
barbatanas apreendidas e submeteram o material a exames de DNA.
O objetivo era identificar por técnicas
de biologia molecular as espécies coletadas e confrontar o dado com o
registrado nos mapas de bordo. A pesquisa ainda está em andamento, mas
das 152 amostras analisadas até agora 31% não conferiram. Além do
tubarão azul, a pesca de mais duas outras espécies costeiras já está
geneticamente comprovada.
“O resultado da pesquisa demonstra que o
setor compra e vende barbatanas de tubarão, independentemente se a
espécie foi pescada por meio da prática criminosa do finning ou não”,
explica Aranha, acrescentando que o experimento vai fortalecer os
processos administrativos que a empresa responde junto ao Ibama, além
dos movidos pelo judiciário no campo civil e criminal.
O destino principal das barbatanas de
tubarão capturadas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil é o mercado
asiático. Entre 70 e 100 milhões de tubarões são abatidos anualmente no
mundo, segundo estimativas de pesquisadores do setor. Cobiçada pela
indústria cosmética e alimentícia, a barbatana de tubarão é utilizada
na China para fazer a sopa de barbatana de tubarão, símbolo de status e
considerada afrodisíaca pelos chineses. “É um uso fútil e desnecessário
de um recurso animal importante para todo o meio ambiente marinho”,
lamenta Aranha. Com informações do Ibama.
Fonte: Observatório Eco
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