Já não é novidade quando uma grande cidade europeia anuncia um novo programa de empréstimo de bicicletas,
a menos que seja maior, melhor ou apresente uma inovação técnica
inédita. A novidade é que começam a surgir dados positivos dessa
iniciativa quanto à saúde dos habitantes de uma cidade – e essa cidade é
Barcelona. Assim como o ciclismo urbano regular, o empréstimo de
bicicletas melhora o condicionamento físico dos cidadãos e reduz as
emissões de gases do efeito estufa, afirma um estudo publicado pelo
British Medical Journal.
E aqui está um ponto fundamental citado pelo blog Cyclelicious: esses benefícios superam os riscos do aumento da exposição ao tráfego e a seus suprodutos poluentes.
Os pesquisadores compararam motoristas
que passeiam pelos lindos bulevares da cidade aos ciclistas que utilizam
as ciclovias pelo bem-sucedido programa de empréstimo Bicing (que
aumentou as viagens de bicicleta em Barcelona em 30%, enquanto a média
em outras cidads é de 3%.)
Os resultados estão nas estatísticas: os
usuários do programa de empréstimo de bicicletas apresentaram taxa de
mortalidade de 0,03% em colisões e 0,13% em decorrência da maior
exposição à poluição do ar. No entanto, o aumento da atividade física
ligada ao programa Bici resultou em uma redução de 12.46 mortes, em
comparação com os motoristas de carro.
Além disso, o Bicing gerou uma redução
anual de emissões de dióxido de carbono de 9.000 toneladas (cerca de 1%
das emissões anuais de carbono de Barcelona provenientes dos veículos
automotivos.)
Os pesquisadores usaram uma avaliação de impacto sobre a saúde para comparar o impacto de uma viagem de carro
a uma viagem de bicicleta. Para isso, compilaram apenas os dados
somente de usuários regulares do Bicing, presumindo que 90% deles só
passou a usar a bicicleta depois do início do programa. Desta forma, o
estudo pôde mensurar as diferenças com mais facilidade do que se
tivessem estudado um grupo de ciclistas regulares, que simplesmente
ingressou no Bicing em vez de usar as próprias bicicletas. A desvantagem
é que não há como saber se essa hipótese está correta.
"Avaliamos os benefícios adicionais da
atividade física e os riscos decorrentes da inalação da poluição do ar e
da maior exposição dos novos ciclistas a acidentes de trânsito,
comparando com exposições anteriores, quando eram usuários de carros”,
relata o artigo publicado no British Medical Journal.
Os pesquisadores também analisaram os
próprios dados do Bicing em relação às distâncias percorridas e os
motivos para escolher o empréstimo de bicicletas: 68% das viagens levam à
escola ou ao trabalho, enquanto 37% combinam outro meio de transporte. A
distância média percorrida no Bicing em um dia útil é de 3,29
quilômetros.
Os pesquisadores afirmam que o programa
Bicing salva 12,46 vidas por ano em Barcelona, e esse resultado positivo
é comprovado por dois estudos diferentes: um estudo holandês, que
afirma que os benefícios do ciclismo superam “substancialmente” seus
riscos na Holanda, e um estudo de 2009 publicado pela Lancet,
demonstrando os benefícios reais para a saúde pública no Reino Unido e na Índia, decorrentes da redução de emissões e do estímulo ao transporte ativo.
Embora os autores reconheçam que o
estudo é limitado pela "pouca disponibilidade de dados e necessidade de
criar hipóteses para gerar cenários viáveis”, eles analisaram com
sensibilidade os resultados e também descobriram que, em todos os
cenários testados, houve um benefício real (ex: aumento da longevidade)
para os usuários do programa Bicing.
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