A
II Conferencia Internacional de Cidades Inovadoras, a CICI2011,
debateu as necessidades dos centros urbanos de se tornarem mais flexíveis e
resistentes a choques externos. No modelo atual, eles têm necessidades
vitais, como comida e energia, que são supridas por instâncias centralizadas e
distantes do seu local de consumo.
“As cidades ocupam 12% do território mundial e
consomem em média, 75% dos recursos disponíveis”, diz May East, diretora do CIFAL FindHorn e
coordenadora do programa Cidades em Transição. Ela e o físico Fritjof Capra
tentaram mostrar o caminho para reduzir a vulnerabilidade das cidades e
incentivar a participação dos seus habitantes na busca de soluções resilientes.
Aqui, resiliência é entendida como a capacidade de um sistema continuar
funcionando mesmo que o sistema maior em que está inserido entre em choque.
Eles
elogiaram projetos como o que ocorre em Brasilândia (SP) – a primeira “favela
em transição” do mundo — com o desenvolvimento de hortas, panificadora
comunitárias e feiras de troca. “No estágio em que estamos iremos sustentar o
quê?”, indaga May. “É necessário redesenhar o processo de um bairro ou cidade
como sistemas vivos que se retroalimentam, para depois então sustentá-los”.
Ela
ressalta a falta de infraestrutura de produção de alimentos dentro dos centros
urbanos: “A comida de um americano viaja em média 550 km para chegar às mesas.
Se você sobrevoa a cidade de São Paulo, vê pouquíssimas hortas urbanas e
peri-urbanas. Para sobreviver, as cidades devem tornar-se ecossistemas
completos”, afirma. Ela lembra a citação atribuída a Marx de que “a revolução
está três refeições à frente”. No limite, argumenta, as cidades são
medidas pela sua capacidade de resistir a falhas nos sistemas externos de
produção e transporte de comida que as suprem.
Sistemas melhor adaptados à vida
Pensador
sistêmico e destaque da conferência, o físico austríaco Fritjof Capra defendeu
a necessidade de organizações não-hierárquicas e mais diversas como modelos ideais
para as sociedades do que chamou de era pós combustível fóssil.
“A
maioria das cidades modernas destroem habitats naturais e segregam sua
população. È imperativo não separar uma cidade de acordo com religião ou classe
social. A diversidade promove maior resiliência, pois os elementos distintos da
rede executam funções diferentes, mas perfeitamente complementares.”
Capra
também sugeriu novas maneiras de pensar os programas urbanos: “É importante que
surjam projetos de pequena escala com diversidade, eficiência energética, não
poluentes e orientados para a comunidade. Devemos gerar uma mudança de
paradigma para que as cidades funcionem como organismos integrados e
participativos.
Por: Gabriela Machado
Fonte:http://www.oecocidades.com/2011/05/23/fritjof-capra-defende-cidades-resilientes/
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