"O governo brasileiro não está ouvindo a comunidade indígena", disse o cineasta
Desde que terminou seu trabalho em Avatar, Cameron fez três viagens à região amazônica onde a represa será construída
O cineasta James Cameron afirmou nesta quinta-feira que tribos da Floresta Amazônica podem recorrer à violência para bloquear a construção da barragem da usina de Belo Monte.
"Os Caiapós estão indo lutar", afirmou Cameron à AFP, em Washington,
onde foi nomeado "explorador em residência" da National Geographic.
"Eles não vão simplesmente dar de ombros e ir embora. Eles são a tribo
mais agressiva na área" da bacia do rio Xingu, onde o governo brasileiro
está avançando com os planos para construir a barragem de Belo Monte,
de 11 bilhões de dólares, apesar dos protestos de moradores contrários
ao projeto.
"O governo brasileiro não está ouvindo a comunidade indígena", disse Cameron.
"Eles estão determinados a construir esta barragem, que vai ser a
terceira maior e, provavelmente, a mais ineficiente do mundo", disse o
diretor de Avatar, que conta a história de como o povo pacífico Na'Vi,
do planeta Pandora, é forçado a lutar contra mineiros do planeta Terra
que tentam destruir sua sociedade para colocar as mãos em um recurso
mineral precioso, unobtainium.
Desde que terminou seu trabalho em Avatar, Cameron fez três viagens à região amazônica onde a represa será construída.
O governo brasileiro argumenta que a barragem é necessária para atender
às necessidades crescentes de energia do Brasil e para impulsionar o
crescimento econômico, com o intuito de elevar o padrão de vida da
maioria dos brasileiros.
"Eles poderiam facilmente resolver suas necessidades energéticas
através de iniciativas eficientes por uma fração do custo de construção
da barragem, e eles não teriam que destruir tanta floresta tropical e
deslocar 25.000 indígenas", disse Cameron.
Em abril, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu ao
Brasil que "suspendesse imediatamente o processo de licenciamento" da
barragem, e convocou a proteção dos povos indígenas na bacia do rio
Xingu, cujas vidas e "integridade física" seriam ameaçadas pelo projeto.
A barragem desviaria 80% do fluxo do rio Xingu para um reservatório
artificial, "potencialmente levando ao deslocamento forçado de milhares
de pessoas", afirma a entidade sem fins lucrativos Amazon Watch, que
luta pelos direitos dos povos indígenas e pela proteção do meio-ambiente
na Amazônia, em seu site.
No entanto, há duas semanas, o governo brasileiro concedeu uma licença
de instalação para a hidrelétrica de Belo Monte, abrindo caminho para o
início da construção já no próximo mês.
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