Santiago do Chile está coberta por uma densa camada cinza não
relacionada a fenômenos vulcânicos, sinal de uma intensa poluição, que
atingiu seu mais alto nível em três anos, e que afeta principalmente as
crianças, mais expostas a doenças respiratórias.
Seis milhões de moradores da capital vivem em uma cidade cercada por
montanhas que impedem uma ventilação correta, fenômeno agravado por um
déficit de mais de 50% das chuvas, que limpam a atmosfera, devido ao
fenômeno La Niña.
Jaime Leyton, da Direção Meteorológica do Chile, disse à AFP que diante
da falta de chuvas, o único que pode reduzir a contaminação é a
ventilação "e essa ventilação é muito pequena".
As baixas temperaturas que se intensificaram no fim deste outono no
hemisfério sul são um fator de risco adicional, pois ajudam na
propagação de doenças respiratórias, como o vírus sincicial ou a tosse
convulsiva, que em lactantes gera uma obstrução grave das vias
respiratórias.
"Tivemos uma mudança muito dramática na situação epidemiológica de
problemas respiratórios, sobretudo em crianças nas últimas duas ou três
semanas, associada fortemente aos níveis de contaminação ambiental em um
ano de seca intensa, com muita poeira no ambiente", explicou o ministro
da Saúde, Jaime Mañalich.
Com relação a um ano normal, foi antecipada a circulação do vírus
sincicial, que pode ser mortal em menores de seis meses e que
normalmente se manifesta no fim do inverno (em agosto-setembro), junto
com quatro vezes mais casos de tosse convulsiva que pode ser grave se
afetar crianças pequenas.
"É uma situação dramaticamente diferente que nos aguarda, independente
de as condições ambientais mudarem para melhor, que vamos ter um inverno
muito difícil do ponto de vista de problemas respiratórios", explicou
Mañalich.
"Este inverno será muito ruim, muitas crianças serão hospitalizadas, muitas crianças ficarão graves", acrescentou o ministro.
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