A garrafa de plástico de origem vegetal da Pepsi. ©Pepsi (Divulgação).
Durante o primeiro semestre deste ano,
as maiores fabricantes de refrigerantes do mundo anunciaram versões de
garrafas com plástico de fontes vegetais (resíduos de grama, casca de
pinheiro e folhas, no caso da Pepsi, e cana de açúcar, nas garrafas da
Coca).
Mas graças a artigos errôneos publicados na imprensa e comerciais de TV pouco claros, disseminou-se a ideia de que as novas garrafas são biodegradáveis. A realidade é muito mais complexa.
Beth Terry, uma ativista que decidiu eliminar o plástico de sua vida em 2007 (e com sucesso, garante), escreveu um artigo sobre a explicação que recebeu da PepsiCo sobre a composição das novas garrafas:
"A PET é formada por dois
componentes: o etileno, responsável por 30% de seu peso, e o
tereftalato, responsável por 70%. Historicamente, ambos os componentes
são obtidos a partir do petróleo. Com o avanço tecnológico da PepsiCo,
agora somos capazes de produzir ambos os compostos, e por tanto, as
PETs, utilizando fontes 100% vegetais e renováveis. A garrafa PET
vegetal é quimicamente idêntica às garrafas PET de petróleo".
Infelizmente, isso significa que não são
biodegradáveis e podem causar os mesmos problemas em termos de
contaminação (especialmente dos oceanos) que as garrafas utilizadas normalmente.
Como indica outro artigo do site Slate,
os recipientes de plástico vegetal ainda contêm aditivos químicos como o
BHT, e dispersam compostos como o acetaldeído, que podem ser
cancerígenos. Embora a fórmula das garrafas da Coca-Cola e da Pepsi
sejam um segredo comercial, é provável que também os contenham.
Um ponto a favor do plástico vegetal,
diante da nossa dependência do petróleo, é o fato de ser produzido com
matéria-prima renovável. As garrafas de ambas as marcas também são
recicláveis, enquanto outros bioplásticos não têm a mesma composição dos
plásticos tradicionais, e portanto, não podem ser reciclados.
Por que as empresas não desenvolvem
garrafas biodegradáveis? Segundo a resposta da PepsiCo a Beth Terry, a
grande infraestrutura concebida para a reciclagem não é capaz de
gerenciar materiais plásticos biodegradáveis em grande escala. Além
disso, pode-se reutilizar o material das garrafas PET, enquanto as
garrafas biodegradáveis exigiriam a extração de materiais virgens a cada
vez que se criasse uma nova garrafa.
O problema é que os fabricantes de
bebidas não apoiam leis que fomentem a reciclagem, já que não querem
absorver os custos de armazenagem e transporte do material a ser
reciclado.
Terry sugere que as empresas poderiam criar estações como as da EcoWell, em que as pessoas podem se servir de bebidas em sua própria garrafa reutilizável.
É importante deixar claro que as garrafas de plástico de origem vegetal não
são biodegradáveis e que seu uso indiscriminado é tãp pouco sustentável
como o do plástico tradicional. Sobretudo, vale lembrar que não há razão para beber água engarrafada em cidades onde a água corrente é tratada e perfeitamente saudável.
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