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By Ferramentas Blog

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Maior parte da área desmatada da Amazônia foi transformada em pastos


Mais de 60% da área já desmatada na Amazônia foram transformados em pastos. A conclusão está em um levantamento divulgado hoje (2) e que, pela primeira vez, mapeou o uso das áreas desmatadas do bioma e mostrou o que foi feito com os 720 mil quilômetros quadrados de florestas derrubados até 2008 – uma área equivalente ao tamanho do Uruguai. A maior parte foi convertida para a pecuária.

O levantamento, feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), dividiu a área desmatada em dez classes de uso, que incluem pecuária, agricultura, mineração, áreas de vegetação secundária, ocupações urbanas e outros.

A pecuária ocupa 62,1% de tudo o que foi desmatado no bioma, com pastos limpos – onde houve investimento para limpar e utilizar a área –, mas também com pastagens degradadas ou abandonadas. Na avaliação do diretor do Inpe, Gilberto Câmara, o número confirma a baixa produtividade da pecuária na região e que o desmatamento não gerou necessariamente desenvolvimento econômico.

“Mostra que a pecuária ainda hoje é extensiva e precisa de politicas públicas para se intensificar e usar a terra que foi roubada da natureza. Não é, nem do ponto de vista econômico, um uso nobre das áreas. Não fizemos da floresta o uso mais produtivo possível, que seria a agricultura.”

A produção agrícola ocupa cerca de 5% da área total desmatada na Amazônia. Apenas em Mato Grosso a agricultura representa um percentual significativo do uso das áreas que eram ocupadas originalmente por florestas.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que a baixa participação da agricultura na ocupação das áreas desmatadas contrapõe o argumento de defensores de mudanças no Código Florestal, de que é preciso flexibilizar a lei para viabilizar a produção agrícola no país.

“Temos que eliminar da agenda falsas ideias, falsas colocações de que o meio ambiente impede o desenvolvimento da agricultura. Está provado que a agricultura anual, consolidada, não é a responsável pelo uso das terras desmatadas da Amazônia. É preciso aumentar a produtividade, menos de uma cabeça por hectare é algo inaceitável, é um desperdício substituir a floresta por algo que não dá retorno para o país”, avaliou.

Para o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, os novos dados poderão dar mais racionalidade ao debate sobre o Código Florestal no Senado. “Espero que essa racionalidade ilumine o Congresso, para que o debate se ancore mais nos dados para chegar ao equilíbrio entre potencial produtivo e preservação. O Brasil não tem porque flexibilizar o desmatamento, não tem razão nenhuma para desmatar, já temos área suficiente para aumentarmos a produção.”

Em 21% da área desflorestada, o Inpe e a Emprapa registraram vegetação secundária, áreas que se encontram em processo de regeneração avançado ou que tiveram florestas plantadas com espécies exóticas. Essas áreas, segundo Gilberto Câmara, do Inpe, poderão representar oportunidades de ganhos para o Brasil na negociação internacional sobre mudanças climáticas, porque funcionam como absorvedoras de dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa.


*publicado originalmente no site da Agência Brasil.
A corrupção vicia a distribuição de alimentos


   A falta de controles adequados na recepção e entrega de alimentos nos acampamentos de refugiados por causa da seca e da fome que golpeiam o sul da Somália derivaram em distúrbios e roubos que privam as vítimas desta ajuda imprescindível. Toneladas de provisões chegam a Mogadíscio procedentes de várias partes do mundo. Há pelo menos cinco voos diários da Turquia e Kuwait, bem como de Djibuti, Sudão e Irã.

Organizações como Mercy USA, a alemã Diakonie Emergency Aid Bread for the World e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados se encarregam de distribuir alimentos na capital somaliana.

“Existe uma grande corrupção na distribuição de alimentos, por isso peço que seja criado um grupo de controle especial, que inclua atores somalianos e estrangeiros”, disse à IPS o parlamentar Ali Mahmud Nur. Este legislador tem uma estreita relação com o presidente do parlamento. Sharif Hassan Sheik, e com o chefe de Estado, xeque Sharif Sheik Ahmed. O próprio Nur investigou as denúncias de corrupção, segundo disse à IPS.

Mais de cem mil pessoas abandonaram nos últimos meses o sul da Somália, afetado pela seca e a consequente falta de alimentos, com a esperança de encontrar ajuda em Mogadíscio. Muitas caminharam durante semanas, descalças e sem água, em uma travessia dura para as mais frágeis e desnutridas, como as crianças. As pessoas que conseguiram chegar à capital o fizeram em um estado delicado. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que são 470 mil refugiados.

“É claro que há funcionários envolvidos no roubo de alimentos. Peço que ponham fim a esse comportamento porque prejudicarão nossa dignidade”, afirmou Nur. O primeiro-ministro, Abdi Weli Mohammad Ali, reconheceu, no dia 23 de agosto, o problema e prometeu tomar medidas para resolver a situação. Um funcionário que pediu para não ser identificado disse à IPS que o governo prevê destituir os comissários dos 16 distritos de Mogadíscio. São atribuídos numerosos crimes aos comissários distritais, inclusive atuar em conivência com responsáveis dos acampamentos para roubar provisões, mas não há acusações formais.

Os comissários de Mogadíscio são poderosos milicianos designados pelo governo para pôr ordem entre os clãs locais. As milícias do comissário de Bulohubey, Ahmed Adow Anshur, mais conhecido como Ahemd Daai, enfrentaram soldados do Governo Federal de Transição no dia 3, matando três deles. É muito pouco provável que o governo possa destituir os comissários porque são “poderosos senhores da guerra”, afirmaram várias fontes.

O diretor da Agência de Gestão de Desastres, Abdullahi Mohammad Shirwa, que cuida de coordenar a ajuda em Mogadíscio, afirma que a assistência é feita de forma adequada. As agências internacionais, em sua maioria, cuidam elas mesmas de distribuir as provisões internacionais. “Os alimentos doados pelo Kuwait foram distribuídos por minha agência. Posso confirmar que tudo correu bem e que a ajuda chegou aos mais necessitados”, garantiu.

A ajuda que chega à Somália só cobre 10% das necessidades do país, acrescentou Shirwa, reconhecendo, entretanto, que houve problemas em alguns acampamentos de Mogadíscio. Três pessoas foram assassinadas no dia 22 de agosto no acampamento do distrito de Waberi e outras quatro ficaram feridas depois que forças do governo abriram fogo durante a distribuição de alimentos. Waberi é o primeiro ponto de chegada das vítimas da seca.

Não foram os primeiros incidentes desse tipo. No dia 5 de agosto, dez pessoas morreram no acampamento de Badbaado, o maior da cidade. Shirwa reconheceu que houve saques, mas acredita que 95% da assistência é distribuída corretamente. Os problemas existentes se resolverão quando o governo criar a força de segurança especial, cuja responsabilidade seja garantir a distribuição de alimentos nos acampamentos.

A unidade especial da polícia trabalhará dia e noite nos acampamentos e nas ruas da capital para evitar problemas com as operações humanitárias. Amina Yusuf, que tem quatro filhos e vive no acampamento de Waberi, disse à IPS que homens armados roubaram sua comida. “Pelo menos duas vezes por semana roubam alimentos aqui, não sabemos o que fazer”, afirmou.

Contudo, o problema não se concentra apenas em Mogadíscio. O responsável pela ajuda na capital e em duas regiões do sul golpeadas pela seca, Mahmud Dahir Farah, disse que seu escritório tem provas da má gestão da assistência. “Peço às mais altas autoridades que se concentrem na distribuição de alimentos, viciada pelos administradores dos distritos de Mogadíscio. É um grande problema que precisa se resolvido rapidamente’, acrescentou.

Farah também pediu que sejam processados os soldados que na semana passada mataram várias vítimas da seca no acampamento de Badbaado e no de Waberi em 22 de agosto. Mais de 3,6 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária de emergência, segundo a ONU, pois a região sofre a pior seca em 60 anos.

Envolverde/IPS

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