Pesquisadores da Unesp de Presidente Prudente descobrem molécula capaz de capturar o gás atmosférico e convertê-lo em compostos que poderão ser utilizados no futuro por indústrias químicas (reprodução)
A contribuição do excesso de emissão de dióxido de carbono (CO2) para as mudanças climáticas globais tem levado a comunidade científica a buscar formas mais eficientes para estocar e diminuir o lançamento do composto para a atmosfera.
Um novo estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Química Orgânica Fina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Presidente Prudente, abre a perspectiva de desenvolvimento de tecnologias que possibilitem capturar quimicamente o gás atmosférico e convertê-lo em produtos que possam ser utilizados pela indústria química para substituir reagentes altamente tóxicos utilizados hoje para fabricação de compostos orgânicos usados como pesticidas e fármacos.
Derivadas de um projeto de pesquisa apoiado pela FAPESP por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, as descobertas do trabalho, intitulado “Estudo da fixação e ativação da molécula de dióxido de carbono com bases nitrogenadas”, foram publicadas na revista Green Chemistry, da The Royal Society of Chemistry.
O estudo demonstrou, pela primeira vez, que uma molécula, denominada DBN (uma base orgânica nitrogenada), é capaz de capturar dióxido de carbono, formando compostos (carbamatos) que podem liberar CO2 seletivamente a temperaturas moderadas. Dessa forma, a molécula poderá ser utilizada como modelo para pesquisas sobre a captura seletiva de dióxido de carbono de diversas misturas de gases.
“Essa descoberta abre perspectivas sobre como poderemos fazer com que o composto resultante da ligação da DBN com o dióxido de carbono se forme em maior quantidade. Para isso, temos que estudar possíveis modificações em moléculas que apresentem semelhanças estruturais e funcionais com a DBN para que o composto seja mais eficiente”, disse Eduardo René Pérez González, principal autor do estudo, à Agência FAPESP.
De acordo com o professor da Unesp, já se sabia que a DBN é capaz de capturar dióxido de carbono na presença de água. Por esse processo, a molécula retira um hidrogênio da água, ganha uma carga positiva (próton) e gera íons hidroxílicos (negativos) que atacam o dióxido de carbono, formando bicarbonatos.
Até então, entretanto, não se tinha demonstrado que o composto também é capaz de capturar CO2, formando carbamato, por meio de uma ligação nitrogênio-carbono tipo uretano, que tem relação direta com um processo biológico em que 10% do dióxido de carbono do organismo humano é transportado por moléculas nitrogenadas.
Em função disso, o processo também poderia ser utilizado para o tratamento de determinadas doenças relacionadas com a quantidade de CO2 e seu transporte no organismo.
“Essa descoberta nos leva a pensar que também poderíamos utilizar esse trabalho para fins bioquímicos, tentando, por exemplo, melhorar esse processo para tratamento de doenças relacionadas à concentração de dióxido de carbono nas células e alguns tecidos, como o pulmonar”, disse González.
Já na área industrial, os carbamatos – como, por exemplo, poliuretanas – derivados da captura de dióxido de carbono pela molécula DBN poderiam substituir tecnologias que utilizam reagentes altamente tóxicos, como o fosgênio, para preparação de compostos orgânicos usados como pesticidas e fármacos e em outras aplicações industriais.
“A possibilidade de se utilizar o dióxido de carbono para construir ou sintetizar moléculas que contêm o agrupamento carbonílico, sem a necessidade de se usar fosgênio ou isocianatos, representaria uma grande vantagem”, disse o pesquisador.
Um novo estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Química Orgânica Fina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Presidente Prudente, abre a perspectiva de desenvolvimento de tecnologias que possibilitem capturar quimicamente o gás atmosférico e convertê-lo em produtos que possam ser utilizados pela indústria química para substituir reagentes altamente tóxicos utilizados hoje para fabricação de compostos orgânicos usados como pesticidas e fármacos.
Derivadas de um projeto de pesquisa apoiado pela FAPESP por meio do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, as descobertas do trabalho, intitulado “Estudo da fixação e ativação da molécula de dióxido de carbono com bases nitrogenadas”, foram publicadas na revista Green Chemistry, da The Royal Society of Chemistry.
O estudo demonstrou, pela primeira vez, que uma molécula, denominada DBN (uma base orgânica nitrogenada), é capaz de capturar dióxido de carbono, formando compostos (carbamatos) que podem liberar CO2 seletivamente a temperaturas moderadas. Dessa forma, a molécula poderá ser utilizada como modelo para pesquisas sobre a captura seletiva de dióxido de carbono de diversas misturas de gases.
“Essa descoberta abre perspectivas sobre como poderemos fazer com que o composto resultante da ligação da DBN com o dióxido de carbono se forme em maior quantidade. Para isso, temos que estudar possíveis modificações em moléculas que apresentem semelhanças estruturais e funcionais com a DBN para que o composto seja mais eficiente”, disse Eduardo René Pérez González, principal autor do estudo, à Agência FAPESP.
De acordo com o professor da Unesp, já se sabia que a DBN é capaz de capturar dióxido de carbono na presença de água. Por esse processo, a molécula retira um hidrogênio da água, ganha uma carga positiva (próton) e gera íons hidroxílicos (negativos) que atacam o dióxido de carbono, formando bicarbonatos.
Até então, entretanto, não se tinha demonstrado que o composto também é capaz de capturar CO2, formando carbamato, por meio de uma ligação nitrogênio-carbono tipo uretano, que tem relação direta com um processo biológico em que 10% do dióxido de carbono do organismo humano é transportado por moléculas nitrogenadas.
Em função disso, o processo também poderia ser utilizado para o tratamento de determinadas doenças relacionadas com a quantidade de CO2 e seu transporte no organismo.
“Essa descoberta nos leva a pensar que também poderíamos utilizar esse trabalho para fins bioquímicos, tentando, por exemplo, melhorar esse processo para tratamento de doenças relacionadas à concentração de dióxido de carbono nas células e alguns tecidos, como o pulmonar”, disse González.
Já na área industrial, os carbamatos – como, por exemplo, poliuretanas – derivados da captura de dióxido de carbono pela molécula DBN poderiam substituir tecnologias que utilizam reagentes altamente tóxicos, como o fosgênio, para preparação de compostos orgânicos usados como pesticidas e fármacos e em outras aplicações industriais.
“A possibilidade de se utilizar o dióxido de carbono para construir ou sintetizar moléculas que contêm o agrupamento carbonílico, sem a necessidade de se usar fosgênio ou isocianatos, representaria uma grande vantagem”, disse o pesquisador.
Por Elton Alisson
Agência FAPESP
Durante duas semanas, um grupo de 70 estudantes brasileiros e estrangeiros terá o desafio de utilizar métodos computacionais avançados para resolver problemas relacionados aos novos materiais com aplicações nas áreas de energia e meio ambiente.
Entre 5 e 16 de setembro, eles participarão da São Paulo Advanced School on Computational Materials Science for Energy and Environmental Applications, na Universidade Federal do ABC (UFABC), em Santo André (SP).
O evento, realizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), modalidade de apoio da FAPESP, será organizado pela UFABC em colaboração com o Centro Internacional de Física Teórica Abdus Salam (ICTP, na sigla em inglês) – entidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sediada em Trieste (Itália) – e a Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS).
A escola terá a participação de 30 docentes, incluindo alguns dos pesquisadores mais consagrados do mundo na área de desenvolvimento de métodos computacionais avançados, de acordo com Caetano Rodrigues Miranda, coordenador da ESPCA e professor do Centro de Ciências Naturais e Humanas da UFABC.
“Existe a necessidade de satisfazer, de forma ambientalmente sustentável, uma enorme demanda mundial para novas fontes limpas e renováveis de energia e para a criação de metodologias para a exploração de combustíveis fósseis alternativos e de biocombustíveis. Um dos focos da escola será o debate sobre como resolver esses problemas a partir da escolha apropriada de materiais ou do desenvolvimento de novos materiais voltados para essas aplicações”, disse Miranda à Agência FAPESP.
O evento fornecerá, segundo ele, uma visão geral do uso de métodos computacionais para resolver problemas de materiais aplicados a perspectivas como energia solar, exploração de petróleo, células combustíveis, hidrogênio e biocombustíveis. “Vamos abordar novas tendências para resolver esses problemas a partir da ciência de materiais”, apontou.
A área abordada pela Escola é nova, mas se fundamenta em uma tradição bem consolidada. “A área de estrutura eletrônica, ligada à física, tem bastante tradição, mas sempre ficou restrita a problemas particulares da física. A ideia é trazer um pouco dessa tradição para os problemas atuais de energia e meio ambiente, pensando em aplicações industriais. Queremos estabelecer uma ponte entre pesquisa básica e inovação”, explicou.
Pela manhã, ao longo das duas semanas, os estudantes participarão de palestras com pesquisadores consagrados sobre aspectos atuais da área. À tarde, terão tutoriais para aplicar na prática os fundamentos debatidos pela manhã, com o objetivo de experimentar como os métodos computacionais podem ser usados efetivamente para resolver problemas relacionados à energia e ao meio ambiente.
“A ideia é que, além de refletir sobre os fundamentos, eles possam trabalhar independentemente, mas interagindo de forma intensa, estabelecendo colaborações entre eles e com os docentes participantes”, disse Miranda. Os participantes são alunos de mestrado e doutorado, metade proveniente da Europa, Estados Unidos e África. A outra metade é de alunos brasileiros.
O curso será ministrado, segundo o coordenador da Escola, por pesquisadores que se destacaram no contexto internacional pela elaboração de códigos computacionais amplamente utilizados em ciências de materiais, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.
“Os palestrantes são justamente as pessoas que desenvolveram esses códigos. Trata-se de uma oportunidade única para os participantes – em especial para os estudantes latino-americanos – terem a possibilidade de uma interação intensa com esses pesquisadores”, afirmou.
Aplicação industrial
Durante o curso, os estudantes terão à disposição dois laboratórios computacionais para aplicar as diversas metodologias que serão debatidas. O perfil do pessoal é bastante interdisciplinar, segundo Miranda.
“A maior parte do pessoal é proveniente das áreas de física, química e ciência dos materiais, mas utiliza o computador como ferramenta para resolver problemas relacionados à energia e ao meio ambiente. Eles irão trabalhar em uma ampla gama de vertentes, que vai do nível da mecânica quântica e da escala molecular às simulações de dinâmicas de fluidos em sistemas de grande porte, como oleodutos, por exemplo”, disse.
A São Paulo Advanced School on Computational Materials Science for Energy and Environmental Applications incluirá ainda duas mesas-redondas. A primeira tratará das maneiras pelas quais as metodologias computacionais podem ser aplicadas na indústria.
“Vamos debater como a interface entre universidade e indústria se dá a partir do nosso tema. Teremos alguns convidados oriundos do setor produtivo e alguns pesquisadores que colaboram estreitamente com a indústria. Queremos debater como explorar essa interface, pois nessa área o diálogo entre indústria e academia é fundamental”, afirmou Miranda.
A outra mesa-redonda tratará das oportunidades de atuação em ciência e tecnologia no Estado de São Paulo e no Brasil. “A Escola trará estudantes de outros países e queremos mostrar a eles o campo que teriam para explorar se viessem para cá. Temos grande interesse em atrair esse pessoal”, disse.
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP
Mais informações: http://pesquisa.ufabc.edu.br/ascms
Mais informações: http://pesquisa.ufabc.edu.br/ascms
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